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Landscape Negative
29

 

Junho

 

2007
29

 

Julho

 

2007
Sabine Hornig - Landscape Negative
Sabine Hornig - Landscape Negative
Sabine Hornig - Landscape Negative
Sabine Hornig - Landscape Negative

Cristina Guerra Contemporary Art tem o prazer de apresentar Landscape Negative, a primeira exposição individual de Sabine Hornig na galeria.


Desde os primórdios do seu trabalho, no final da década de noventa, Sabine Hornig tem-se dedicado a explorar determinadas questões de espaço e perspectiva, fazendo esbater as distinções entre espaço bidimensional e tridimensional. Recorrendo, em igual medida, à fotografia e à escultura, Hornig promove e expande as duas pelo cruzamento de uma com a outra.


Para a sua estreia na galeria em Lisboa, Hornig irá apresentar um dos seus temas preferidos, uma série de fotografias a cores de grandes dimensões representando montras de lojas abandonadas, espaço onde se congregam questões de lugar e olhar, e uma nova escultura consistindo  num ecrã desdobrável com o negativo a cores de uma paisagem de detritos.


Para Sabine Hornig, a montra representa um sistema básico e transparente, semelhante a uma grelha, capaz de incorporar as suas noções de olhar, vista e perspectiva, e oscilando entre imagem e escultura. As montras que Hornig usa nas suas fotografias são montras que ela encontra casualmente em cidades modernas, principalmente em Berlim. Intencionalmente visível ou invisível, a montra funciona como uma moldura prevalecente onde correm determinados fluxos e onde tem lugar um certo movimento espontâneo entre o interior e o exterior, o público e o privado, a transparência e a distorção, o espaço aberto e o espaço fechado e, relacionado com este último par de conceitos, evasão e confinamento. Ao destacar nas suas fotografias a transparência (e não a translucidez) do palimpsesto que é o vidro/montra, Hornig obriga-nos a tomar consciência do vidro (através do Plexiglas) enquanto estrutura complexa e superfície que responde, e da montra enquanto fronteira que duplica.


Nesta recente série de fotografias de montras vazias, a artista não só alarga a nossa consciência da óptica da montra enquanto parapeito, mas também resgata estes espaços comerciais abandonados de um estado de tranquilo esquecimento para um espaço onde, na sua vacuidade, somos autorizados a imaginar a sua identidade passada e existência futura, um lugar onde as nossas emoções oscilam entre a esperança e a melancolia, perante as nossas cidades em constante mudança e mutação.


Nesta série especial agora patente na galeria, Hornig oferece mais uma vez ao espectador interiores vistos de fora, do lado da rua. Porém, nestas montras, os interiores, paredes e superfícies oscilam entre vários graus de demolição e reconstrução. No fundo do que antes era uma montra limpa e arranjada estão os tijolos à mostra. Nestas imagens, Hornig acentua o modo como algo foi brutalmente retirado ou removido destes locais. O que agora temos é um buraco escuro (“Window with No Floor”, “Window with No Back Wall”) onde a construção e ângulos perfeitos da arquitectura se dissolvem e fundem com uma paisagem urbana selvagem, uma cidade que se impõe enquanto reflexo no vidro. A este reflexo junta-se o grande contraste dos interiores. Ao mesmo tempo muito escuras e muito claras, as fontes de luz e escuridão parecem interagir e interpenetrar-se, sugerindo a transição do dia para a noite.


A escultura patente na galeria principal trata também da questão da inversão. Hornig apresenta um ecrã desdobrável em cinco partes onde surge representada uma paisagem que, vista de perto, parece ser a de uma lixeira. A imagem em negativo faz das formas que permeiam este horizonte algo abstracto: os plásticos parecem formações rochosas ou algo que podemos ver como um vibrante, fascinante monte de vegetação consumista, acentuado a dourado.


Os resíduos, subproduto desfigurado da civilização, são uma inestimável fonte de informação acerca dos hábitos pessoais, comportamento e estatuto das pessoas, coisas que os artistas sempre procuraram desenterrar e ler sob a forma de texto. Sabine Hornig não foge à regra. Para ela, a escória resultante da constante pilhagem e desperdício dos recursos planetários funciona como um espelho no qual a sociedade de consumo se pode avaliar e admirar. Deste modo, em vez da extravagante e tranquila representação de uma natureza preservada, Hornig apresenta-nos despojos em tons de dourado, jogando assim com o olhar. Perigosa e fascinante, apocalíptica e sedutora, bela e repelente, a paisagem de Hornig faz-nos lembrar de forma contundente as condições humanas e criativas: progresso e abandono, criação e desperdício, e uma perspectiva em última análise duplicada da beleza e da perturbação.

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