Cristina Guerra Contemporary Art apresenta 'More Statements in the Spirit Militant Agnosticism', a terceira exposição individual do artista suiço Michael Biberstein (Solothurn, 1948) na galeria.
Desde a sua última exposição individual na Cristina Guerra Contemporary Art, Biberstein trabalhou em dois projectos de grande dimensão: uma pintura-mural para o Executive Dining Room da nova sede da FIFA em Zurique e um museu monográfico para as suas obras pertencentes à Hess Collection em Colomé na Argentina, com abertura prevista para 2010.
A mais recente exposição de Michael Biberstein apresenta um conjunto de trabalhos inéditos que surgem em absoluta sintonia com o corpo que tem vindo a desenvolver. Para quem acompanha de perto o seu trabalho, descobre uma evolução clara que se comprova, por exemplo, numa mudança cromática. Quem não conhece, encontrará um pintor com uma das obras mais consistentes da produção actual portuguesa.
A pintura de Biberstein fundamenta-se na temática da função histórica da pintura de paisagem e da paisagem da pintura como espaço de reflexão sobre a metafísica. Esta é o ponto de partida para o pintor e o ponto de chegada para o espectador. No espaço entre os dois desponta um lugar de diálogo, de encontros e desencontros na descoberta da pintura.
Numa das salas da exposição encena-se um espaço de emersão. No centro da sala, o espectador é envolvido por três pinturas que preenchem o seu horizonte. Como numa falésia, o horizonte estende-se além dos limites da linha do olhar. É um encontro com algo maior, com o sublime talvez.
A paisagem é desconstruída, saturada, dissolvida para ter um efeito retinal. De longe, aparentam uma profundidade que prolonga o quadro para a parede, a curta distância são absolutamente planas. Esta situação, quase paradoxal, implica um foco de meditação para uns espectadores ou impõe um movimento oscilante para outros, ambos animados numa procura da intensidade do acto de ver.
As pinturas de Biberstein são ‘psico-fisiológicas’ como afirma o artista, pois almejam exercer sobre o espectador um efeito subliminal no sentido de o relaxar e de lhe permitir a entrada num estado de contemplação. Constituem-se também como telas de projecção, membranas de diálogo abertas a diversas maneiras de ver e sentir a pintura. Uma paisagem que ultrapassa a mera imagem da natureza para se apresentar como um espaço cromático em permanente transmutação e que depende da luz e da localização de quem vê.
As suas pinturas são atmosféricas, quase evanescentes. Essa presença de um elemento aéreo é intensificado por títulos como Glider (planador). Os títulos das suas obras são motes para a criação de um ambiente. Atractor, por exemplo, reforça a ideia de uma força invisível de atracção (quer seja entre elementos do quadro, seja do próprio espectador).