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2007
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Fevereiro

 

2007
Erwin Wurm 2007
Erwin Wurm 2007
Erwin Wurm 2007
Erwin Wurm 2007
Erwin Wurm 2007

Para a sua primeira exposição na galeria Cristina Guerra Contemporary Art, Erwin Wurm irá apresentar uma selecção de esculturas recentes que criticam o legado formalista do modernismo e ainda uma série de fotografias a cor, documentada num dos últimos catálogos do artista, publicado por ocasião da exposição ‘The artist who swallowed the world’ (O artista que engoliu o mundo, Museum Moderner Kunst Stiftung Ludwig Wien (ed.), Osterfildern, Hatje Cantz, 2006).


Nascido em 1954 em Bruck an de Mur, Áustria, Erwin Wurm possui um obra extensiva com inúmeras camadas de leitura que resistem à intervenção cronológica. Os temas que explora não são adoptados com intenção de resolução, mas provêm de uma atitude de atenção provisória e de questionamento insistente, de uma insatisfação constante, uma vontade de aprofundamento. Isto significa que determinados conjuntos de trabalho desenvolvidos pelo artista tendem a regressar, que determinadas questões são relançadas de diversos prismas, que tendem a convergir e por vezes, a sobrepor-se. Apesar do carácter instável, dos múltiplos media utilizados, o cerne da investigação continuada de Erwin Wurm é o da escultura, o que a define e constitui, numa espécie de prolongamento da discussão forma e anti-forma dos anos 60. Nesse sentido, a obra de Erwin Wurm gravita em torno da noção de escultura clássica e suas convenções, da rigidez e imutabilidade da especificidade do medium, que procura subverter através da integração de objectos encontrados, da incorporação de noções de mutação, deformação, falha e quotidiano, ao invocar a participação do público na realização e fruição da sua obra, mas também através do acolhimento da fotografia e vídeo na sua esfera de preocupações.


No caso desta exposição, Erwin Wurm apresenta duas esculturas recentes, ‘The artist who swallowed the world’ e ‘The artist who swallowed the world when it was still a disc’, ambas de 2006. Nestas duas instâncias, Wurm recupera o tema do excesso alimentar e do absurdo, aplicada desta vez ao artista-celebridade, ao artista-global, ao artista-insaciável, absorvido em si mesmo, ao artista-narciso, aquele que viaja e conquista o mundo, que acaba por engoli-lo sob duas formas, a esférica e a discal. Para o artista obsessivo, a satisfação não advém da realização artística mas da projecção internacional, e em última instância, do reconhecimento global. Conquistada esta posição, resta-lhe a ingestão: o acto de comer, de consumir o mundo como um último gesto simbólico de domínio. A figura caricatural forjada por Erwin Wurm é a de um homem imobilizado, provavelmente a necessitar de um antiácido depois de tamanho exagero. Estas duas esculturas apresentadas em tamanho real perfilam o excesso como uma ameaça ao artista e ao mundo, mas também figuram como uma alusão à confiança excessiva que o homem deposita na ciência. As esculturas evocam o debate na Idade Média entre os que defendiam, segundo a corrente aristotélica, uma terra plana e aqueles que perfilavam uma visão da terra redonda. Para Erwin Wurm, o mundo apresenta-se segundo diversas realidades.


Para além destas duas esculturas, alguns exemplares das arquitecturas derretidas de Wurm estarão expostos. No caso da peça ‘Guggenheim Melting’, o artista provoca o colapso da estrutura durável e rígida da arquitectura moderna ao “derreter” uma pequena maquete do prédio. Na sequência desta acção, Wurm reavalia o papel de determinadas estados na escultura (e arquitectura), confrontando as formas puras, a rigidez, a durabilidade e robustez do modernismo, somando outros estados, tais como a dissolução, a ductilidade (paredes almofadadas), a impermanência e força da gravidade como dispersão e acaso ao discurso ontológico da escultura.


A série de fotografias com móveis desenhados por Charles e Ray Eames e Jean Prouvé, bem como outros móveis clássicos que assumem uma função icónica nos nossos dias, também estarão patentes. Nestes trabalhos, Erwin Wurm procura explorar determinadas acções, tais como esmagar, esborrachar, pisar ou espalmar objectos banais (fruta, embalagens...) entre móveis e paredes ou entre móveis e chão. Nisto, o artista convoca o absurdo (uma categoria discursiva excluída do modernismo) e o quotidiano para a esfera do design exclusivo. No caso da peça ‘Venetian Baroque’, Erwin Wurm coloca um alimento económico, uma sanduíche de fiambre de confecção nórdica, debaixo do peso deste móvel barroco. No catálogo da exposição ‘The artist who swallowed the world’, Erwin Wurm revela que “estava a pensar sobre a comida e o papel da natureza morta na pintura, particularmente no Renascimento do Norte da Europa e no Barroco” quando produziu a peça. Erwin Wurm procura a dessacralização destes objectos ao deslocá-los do seu espaço de reverência e ritual para uma esfera quotidiana de uso e jogo, procurando forjar uma nova vida, uma nova atitude perante a sua existência na nossa sociedade. ND

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